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O TRABALHO COM PALHA DE BURITI NO MARANHÃO

A similaridade das palhas de buriti e piaçava com a ráfia - espécie usada no artesanato da África e da Ásia - incentivou o designer Samuray Martins a trocar a importação pela capacitação de comunidades locais. Assim criou o projeto Akra


                       Descanso. A rede com penduricalhos, 2,50 x 2 m, tramada com fibra de buriti, custa
                       R$ 2.100  (Foto: Kenji Nakamura / Divulgação)

Depois de anos importando para o Brasil peças artesanais de palha produzidas em Madagascar e no Vietnã, o designer goiano Samuray Martins descobriu que o buriti, palmeira da região Nordeste, compartilha 70% dos genes com a ráfia, espécie utilizada pelos africanos e asiáticos. O peso na consciência bateu na hora. "Se são parecidas, por que não desenvolver esse trabalho com comunidades brasileiras?", indagou.
Na internet, Samuray procurou quem pudesse fazer peças que atendessem à exigência estética como as importadas. Encontrou o que buscava nos municípios de Tutoia e Barreirinhas, no Maranhão. Ele veio da Bélgica, onde mora, conferir de perto o trabalho dos artesãos de lá, que utilizavam técnicas de crochê e macramê. Em 2014, decidiu instalar na região o primeiro polo do Projeto Akra. Achou também o trançado tupinambá, de artesãos baianos, feito com palha de piaçava, bastante parecido com o da ráfia.
O designer foi introduzindo novas tramas e o acabamento que o mercado de luxo exige. "Eles faziam itens para o dia a dia, sem o conceito de design. Enviei algumas peças para que eles entendessem o que eu queria", explica o idealizador.
Após dois anos de testes e trabalhos sob encomenda para marcas como Vix Paula Hermanny, Ateen e Lenny Niemeyer, surgiu a Akra Collection, marca criada para vender peças diretamente para o consumidor final. São redes, bolsas e cestarias, todas atemporais e sem apego às tendências. A loja foi a forma encontrada para vender produtos autorais dos cerca de 150 artesãos, que usam técnicas distintas uns dos outros.
Para que o trabalho não se perca com o tempo, o Akra criou o projeto Pequeno Artesão, para ensinar a atividade às próximas gerações. E para garantir a matéria-prima futura, plantou mil mudas de buriti em uma área próxima cedida por um fazendeiro.

Bolsas. Produzidas com linho de buriti, nos tamanhos 46 x 32 x 14 cm, R$ 535, e 30 x 22 x 8 cm, R$ 345. As peças estão em barco na maré baixa do litoral de Tutoia, no Maranhão (Foto: Kenji Nakamura / Divulgação)
    Trançado. Bolsa de fibra de buriti, 30 x 22 x 8 cm, R$ 345 (Foto: Kenji Nakamura / Divulgação)
    Cachepôs. Tramados com linha de buriti em tingimento natural, os modelos de 17,50 x 6 cm saem por R$ 180       cada um (Foto: Kenji Nakamura / Divulgação)





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